sexta-feira, 10 de junho de 2011

(pag 27)

Capt. V
Las Vegas


Partindo de Lake Tahoe sentido a Las Vegas o GPS oferece-me duas opções de caminho.

Uma praticamente voltando por onde eu havia chegado e outra mais curta, porem um tanto quanto inóspita.

Obviamente a segunda alternativa foi a escolhida.

O dia da partida eh perfeito.

A nevasca do dia anterior da lugar a um sol, fraco confesso, porem suficiente para deixar aquele cenário ainda mais bonito do que ja estivera. E soh quem ja viu esse cenário eh capaz de entender como a luz do sol refletindo na neve cria tamanha beleza.

A neve cobre tudo e todos.

No caminho, grandes fazendas no meio praticamente do nada fazem-me pensar a respeito da vida naquele lugar. Penso em como seria viver a quilômetros de distancia da civilização, rodeando por outros tantos quilômetros de neve.

Os únicos seres vivos que vejo sao gados procurando alguma coisa para comer em meio a neve.
E de longe, mas muito longe, também consigo avistar os casebres das enormes fazendas e soh creio que tenha alguém morando ali pois eh possível ver as chaminés emitindo pequenos sinais de fumaça.

Quanto mais me distancio de Tahoe, mais me vejo sozinho na estrada. As enormes fazendas ja ficaram para tras.

Sao centenas de milhas sem ao menos um carro, uma casa ou menção de alguma coisa viva.

Eh ate certo ponto angustiante.

Aos invés das enormes highways com duas ou mais pistas, dessa vez a estrada tem somente uma via para ir e outra para voltar, e nao precisa mais do que isso, visto que certa hora chego a parar no meio da estrada, afinal nao havia nem acostamento, para tirar foto e fazer necessidades fisiológicas.


Permaneço ali cerca de quinze minutes, ou mais, e sequer um carro ou qualquer outra coisa viva cruzou meu caminho.

O cenário e lindo. Ao fundo, uma cadeia de enormes montanhas emolduram a pintura.

A estrada cruza o Yosimite National Park e o Death Valley (Vale da Morte), dois dos cartões postais dos EUA.

A noite cai.

Com a enorme distancia entre uma cidade e outra, outro problema surge. Combustível.

Certa hora, passados infindáveis milhas sem um único posto e faltando cerca de ¼ do tanque para acabar a gasolina resolvi consultar o GPS para saber a distancia que ainda estava do próximo posto.

A resposta do GPS sao assustadoras mais de cem milhas.
Considerando que cada milha tem 1,6km, eu ainda tinha quase 200km para percorrer com apenas 1/4 do tanque, e o meu carro nao era dos mais econômicos.

Hora de diminuir a velocidade, e torcer. Mas torcer muito!

A luz do tanque reserva acende no painel, e ainda tem muito caminho pela frente.

A essa hora cruzo o Vale da Morte, sugestivo lugar para isso acontecer. No radio toca Pet Sematary do Ramones.


Cada milha parece ter um milhão de quilômetros.

A distancia ainda eh grande e o marcador do combustível e implacável. Desaba vertiginosamente.

A essa hora ja começo a pensar em como fazer para passar a noite naquele lugar gelado e inóspito caso o combustível acabe, afinal nem mesmo sinal para usar o celular e pedir ajuda eu tinha.

A unica coisa que me consola e saber que estou no meu carro/casa e por mais gelado que esteja la fora, ainda sim tenho uma cama para dormir e mantimentos para alguns dias esperando resgate.

Nenhum comentário:

Postar um comentário