quarta-feira, 21 de março de 2012

(pag 88)

Conversando com amigos e explicando a historia, todos eles sem exceção, diziam o mesmo: que eu havia agido corretamente e a unica explicação de Christine ter tido essa atitude, inimaginável para todos que a conheciam, era por ainda guardar algum sentimento por mim.

Todos achavam que Christine ainda gostava de mim e por isso fez o que fez.

Se isso era verdade ou não, de pouco me importava, afinal creio que apesar de qualquer tipo de sentimento que ela ainda carregasse, agir dessa forma não foi a melhor saída escolhida por ela.

Alem de já não tecer nenhum sentimento de homem/mulher para com Christine, depois do ocorrido, nem mesmo a relação de amizade sobreviveu. Afinal fui condenado por um crime que não fiz!

Alias fui condenado sem ao menos passar por qualquer tipo de julgamento. Ninguém sequer quis ouvir minha versão do caso.



Mas para mim o pior de tudo foi ter sido condenado por simplesmente ter amado uma mulher.

Estava sofrendo e sendo acusado de coisas que eu não era, pura e simplesmente "por amor" (???). 

Se existe qualquer outro tipo de condenação pior do que essa... sinceramente eu não conheço.

Depois de toda essa historia, eu nunca sequer disse uma unica palavra para Christine, porem o que ela fez comigo eu jamais esquecerei.

“O dia que fui condenado por amar...”

Os últimos dias em Cape Town foram exclusivamente de mim para mim mesmo.

Cuidei melhor da minha alimentação, do meu corpo e minha alma. Afinal a minha real batalha estava por vir, que era a do recomeço.

Hora de embarcar para Londres!

E agora amigo...o jogo era de gente grande.



Rio Thames / Londres

terça-feira, 20 de março de 2012

(pag 87)

A unica explicação/teoria que eu achei foi a seguinte:
Quando ainda na praia eu contei para Christine tudo o que estava dentro do meu coração, ela imaginou que depois de tanto tempo que eu havia permanecido em silencio, talvez não fosse agora que eu iria me abrir para Alessandra.

Com isso, ela ficou em silencio. Nao contou nada para Alessandra, assim como ela mesma tinha dito.

Por outro lado, no e-mail que eu escrevi para Alessandra mencionei que havia conversado com Christine no dia anterior. 

Alias disse que somente conversei com Christine primeiro porque prezava todas as relações de amizades envolvidas na historia.

Creio que ao ler o e-mail Alessandra se espantou com a declaração e ligou para Christine perguntando se ela já sabia da historia.

Christine por questões pessoais, não havia falado nada e se passou (por segundos) por mentirosa.

Claro que com poucos minutos de conversa Christine convenceu Alessandra do contrario. 

Com isso EU passei a ser o errado de toda a historia!

Por-do-sol em Sea Point

Christine mandou a mensagem cortando relações comigo simplesmente por eu ter colocado em risco, mesmo que sem querer, a relação dela com a sua melhor amiga e companheira de apartamento.

Resumindo, paguei por ter feito tudo certo.

Quando escolhi seguir o que chamo de “caminho do bem”, sabia que não seria fácil. Que por muitas vezes seria crucificado simplesmente por seguir o caminho mais certo. O caminho fácil e obvio, porem o que me tornava alvo fácil. 

Mas uma unica coisa não me tira nunca mais desse caminho:
Saber que todas as atitudes que eu tenho, são atitudes corretas e honestas; e não só comigo mas também para com os outros.

Se alguém vai tirar proveito disso, eu lamento.

E se esperam que eu me defenda, lamento novamente, afinal quem atira uma pedra a esmo espera revide, e hoje eu não sou mais previsível. Ou melhor, faco o previsível mas que ninguém mais prevê. Escolho o longo caminho correto.

Depois de todas as tempestades, colocar a cabeça no travesseiro e ter a certeza de que você não enganou ninguém, que não passou ninguém para trás e não abusou dos sentimentos alheios: ISSO NAO TEM PREÇO PARA MIM.  

segunda-feira, 19 de março de 2012

(pag 86)

Antes dos meus trinta anos, confesso quase nunca ter sido correto nos meus relacionamentos, porem ao mesmo tempo tinha consciência de que estava sendo incorreto. 

Apesar de eu não querer seguir o caminho certo por conveniência, conhecia muito bem o conceito de fazer as coisas corretamente.

E quando me refiro a tudo isso, estou falando no sentido de respeito e compaixão pelo sentimento alheio. Do fato brincar com as pessoas.

Depois dos trinta, passei a seguir o que considero ser o correto. 

Procuro magoar o menor numero de pessoas possível. 

Hoje prefiro, sem a menor hipocrisia, abrir mão da minha felicidade do que ver pessoas infelizes por minha culpa. 



E com Christine era exatamente isso que eu planejava. Estava quase conformado em perder Alessandra, em nome de todas as amizades envolvidas. 

Prezava muito a nossa amizade.

Procurei fazer tudo dentro de um conceito de honestidade para dar a menor chance possível ao erro. 

Mas errei.

Mas não perdi totalmente, afinal mesmo perdendo Alessandra, aprendi uma coisa muito importante. Aprendi uma lição sobre o sentimento feminino. 

Esse, independe de idade, evolução, amadurecimento...nunca muda!

Uma mulher nunca dirá a verdade se dentro do contexto estiver incluso sentimentos.

Fiquei arrasado, afinal era como se eu tivesse falhado no que eu mais me orgulhava, que era a minha nova forma de ser.

Me senti como se eu tivesse voltado no tempo. 

Fazendo pessoas infelizes e elas tecendo sentimentos ruins para mim.

No dia seguinte Alessandra me responde o e-mail. 

Diferente de Christine, ela me responde de uma forma extremamente educada, quase que sem tocar propriamente no assunto da polemica.

Dias e semanas passam e eu não vejo a hora de sair dali. 

Parecia que aqueles últimos dias em CT se tornavam intermináveis.

Eu me sentia como um paciente em estado terminal. 

Nao via a hora daquilo tudo acabar. 

Só queria ir embora dali e começar uma vida nova, deixando para trás tudo e todos que me fizeram mal.

Mas esses últimos dias me fizeram muito introspectivo e pensativo. 

Me recolhi no meu cantinho e coloquei-me a pensar em tudo o que tinha acontecido nos últimos dias.

Procurava uma razão para tudo aquilo, um outro caminho que eu pudesse ter tomado que evitasse toda essa confusão.

E com o passar dos dias cheguei a uma conclusão a respeito dessa historia.

domingo, 18 de março de 2012

(pag 85)

Eu respondo que OK, afinal eu não tinha mais quinze anos e se eu fosse abrir meu coração, cabia a mim conversar com Alessandra e dizer sobre os meus sentimentos por ela.

Christine prontamente concorda.

Me sinto extremamente leve apos conversar com Christine e ver que ela estava ao meu lado.

No mesmo dia eu chego em casa e preparo um e-mail para Alessandra.

Sabia que conversar com ela pessoalmente poderia surgir certo constrangimento por ambos os lados.

Basicamente escrevi o e-mail com o mesmo conteúdo do que havia conversado com Christine. 

Relatei inclusive cronologicamente os fatos e os porquês de não ter me aberto antes. 

E o mais importante, ressalto a todo momento a importância e zelo que eu dou aos laços de amizades envolvidos na historia: Eu > Christine, Christine > Alessandra.

Passo a noite escrevendo, medindo palavras para não dar espaços a interpretações errôneas ou eventuais duplos sentidos.

No dia seguinte tomo coragem e envio o e-mail para Alessandra.

Faltava pouco mais de três semanas para eu embarcar para Londres. Eu estava ansioso com todos os fatores.

Junto a mim carregava uma unica certeza:
Se Alessandra respondesse meu e-mail de forma positiva, estava disposto a mudar todos os planos, permanecer em Cape Town e lutar por aquela maravilhosa mulher. 

Cerca de apenas quinze minutos apos ter enviado o e-mail recebo uma mensagem de Christine no meu celular.

Clico para ler a mensagem já com um frio na barriga digno da época de colegial. Da época em que trocava bilhetinhos no chamado "correio elegante".

Ansiava por uma boa noticia.

Mas ela não veio.

Nao somente não veio, como veio uma mensagem assuntadora:
“Como você teve coragem de fazer isso comigo? 
Nao esperava uma atitude dessa. 
Nao me procure mais.”

As minhas pernas fraquejaram.

O frio na barriga que segundos atras era bom, passou a ser do tamanho do iceberg que afundou o navio Titanic, consequentemente carregado com todos os seus maus adjetivos.

Eu fiquei por minutos sem saber o que responder. Sem chão.



A melhor resposta que encontrei foi ficar em silencio.

Somente respondi a mensagem de Christine dizendo que respeitava qualquer atitude dela.

Depois que fiz trinta anos e que resolvi por vontade própria mudar o meu comportamento perante ao mundo, optei por fazer as coisas que eu julgo serem corretas. E convenhamos, o que eh correto para mim, acaba sendo correto para você que esta me lendo e muito provável para quem quer que esteja agora mesmo ao seu lado.

Claro que uns poderão puxar a sardinha da razão para o próprio lado. Porem la no fundo, no cerne da questão, todos nos temos basicamente o mesmo conceito do que eh ter uma atitude correta ou não.

E eu a todo momento optei pelo caminho que, por mais distante e espinhoso que o fosse, era o caminho de uma atitude correta e honesta. Tudo isso, mesmo que colocasse em detrimento a mim mesmo e aos meus sentimentos.

sábado, 17 de março de 2012

(pag 84)

A medida que a minha amizade com Christine ia aumentando, proporcionalmente eu ia admirando-a mais e mais como uma verdadeira amiga.

Daquele tipo de amizade impar, que raramente se veem.

Passei a ter uma imagem diferente dela. 

A imagem de uma mulher diferenciada, que pudesse ter a superioridade e evolução de saber separar antigos sentimentos que tivemos no passado, de novos fatos que pontuavam o futuro.

De posse de todas essas imagens que eu criei de Christine, e que confesso não fui o único, afinal ela fazia questão de passar justamente essa mesma imagem a todos, resolvi abrir meu coração para ela.

E eh claro que tinha que ser primeiro para ela, afinal antes de falar qualquer coisa para Alessandra, primeiramente queria conversar com Christine. 

Nao queria fazer nada escondido, ser um traidor, um aproveitador. Nao queria colocar nossa amizade em risco. Muito menos a dela com Alessandra.

Alias sinceramente preferia perder o amor de Alessandra, que eu mesmo já julgava um tanto quanto platônico, do que perder a amizade de Christine.

Mas antes, para não correr nenhum risco, resolvi colher alguns conselhos. 

Perguntei para TODOS da Casa o que eles achavam dessa historia.
Incrivelmente, TODOS achavam que apesar de uma situação complicada, Christine era evoluída o bastante a ponto de ao menos entender a situação.

Com isso tomei mais coragem. 

Um belo dia ensolarado convido Christine para ir pra praia comigo. 


Antes mesmo de falar qualquer coisa, coloquei o quão importante era a nossa relação amizade para mim. 

Disse que independente do rumo que tomasse nossas vidas, nunca queria perder aquele laço de amizade que havíamos construído.

Ela disse o mesmo. 

Alem disso, por ela ser um tanto quanto espiritual, disse-me também que a nossa amizade crescia dia-apos-dia devido a historias que havíamos tido em outras vidas. 

Ela disse que em outras vidas nos fomos casados, que ela havia me traído com outro homem e eu fiquei sabendo. 

Apesar dela acreditar nisso (porem eu não), rimos da situação.

Já me sentindo um tanto quanto confortável para introduzir o assunto, respirei fundo e falei!

 Abri meu coração!

Contei cronologicamente por quanto tempo e intensidade eu gostava de Alessandra.

Christine respondia a tudo com exatamente a mesma resposta que eu imaginava. Que eu havia projetado na minha cabeça. 

Era magico. 

A minha admiração por ela era real. 
Ela era mesmo uma mulher diferenciada.

Naquele dia conversamos por horas e mais horas na praia.

Ao final ela me diz que não iria contar nada para Alessandra, que isso seria um segredo nosso.

Disse que apesar dos meus sentimentos achava que Alessandra não iria querer nada comigo e ate mesmo me desencorajou a eu abrir meu coração a ela.

Soou um pouco estranho ela dar esse tipo de opinião tao profunda e direta, mas achei ser mais um conselho honesto dentro de um âmbito de grande amizade e cumplicidade.

sexta-feira, 16 de março de 2012

(pag 83)

Cap. XIX
Fim de Ano, Final de Cape Town, Hora da Verdade


Dezembro chegara e com ele toda a nostalgia das festas de final de ano.

Incrível como as pessoas passam a ficar mais tolerantes, mais carentes, mais carinhosas e mais suscetíveis a fazer coisas que em outros meses do ano elas sequer pensariam em fazer. 

Pois bem, dezembro exerce toda essa magia sobre nos.  E não me perguntem o porquê!

E se você que esta próximo a seus familiares e amigos se sente “meio estranho” no final do ano, imagine quem esta a milhares de quilômetros e ha muitos meses longe de tudo e de todos…

Eramos em sete moradores na Casa e mais alguns amigos agregados. Resolvemos nos juntar para fazer uma ceia, trocar presentes de amigo secreto e tudo o mais que uma família feliz faz. Tudo para diminuir a dor da distancia.

E funcionou!

Tivemos uma noite de Natal bem agradável e rodeada de amigos.

Logo em seguida veio o réveillon. 

Resolvemos passar numa festa/show que o Shopping Waterfront havia promovido.

Depois de todas as festas, em janeiro, já na reta final de embarcar para Londres, resolvo falar tudo o que estava guardando ha muito tempo dentro do meu coração.

Resolvo declarar meu amor a espanholinha Alessandra.



Sabia que não seria uma tarefa fácil afinal por tudo o que tinha passado com Christine, ter alguma coisa com Alessandra era como apostar numa loteria. 

As minhas chances eram minimas, afinal conhecia Alessandra e sabia da amizade, carinho e respeito que ela tinha por Christine. Alem eh claro do fato das duas morarem juntas. 

Por esses fatores foi que eu permaneci em silencio durante todo esse tempo. Sempre procurei respeitar a amizade das duas, me pus calado e coloquei os meus sentimentos em segundo plano durante quase um ano. 

Em determinado momento me vi como um adolescente idiota gostando de alguém platonicamente

Mas era hora de mudar. De tomar uma atitude, afinal não podia sair dali sem antes me abrir. 

Nao podia deixar Cape Town sem antes falar tudo o que estava dentro do meu coração guardado ha tanto tempo.

quinta-feira, 15 de março de 2012

(pag 82)

Com o tempo as coisas em Casa foram mudando.

A compras de supermercado que ate então fazíamos todos juntos e dividíamos igualmente, agora já não era mais assim. 

Os almoços e jantares com todos juntos a mesa, antes quase feitos diariamente, agora já não existiam. 

Enfim, era outra atmosfera.

Eu, Samuel, Mineiro e Thiago, apesar de gostarmos muito das garotas, procurávamos passar mais tempo entre nos para evitar o atrito desnecessário com elas.

Luana, a mais velha das quatro, adorava sair a noite. 

Com isso, muitas vezes chegava tarde da noite em casa (na minha cama, por sinal), totalmente bêbada.

Apesar disso, nos nos dávamos bem e tínhamos muitas coisas em comum. 

Gostávamos de correr, da forma de curtir a vida, o gênio a impulsividade…e ate chegamos a fazer planos de irmos juntos para Londres (o meu próximo destino).

Consequentemente nos aproximamos não apenas fisicamente, afinal dividíamos a mesma cama, mas também afetivamente.

Acabamos nos envolvendo naturalmente.

Por um tempo mantivemos isso escondido de todos, somente para não constranger as outras pessoas na Casa, alias essa atitude teve papel fundamental no desenrolar da historia.

A cada dia mais eu e Luana ficávamos juntos, ainda escondidos de todos. 

Com o tempo meu carinho por ela foi aumentando. 

Porem como disse, nos tínhamos muitas coisas em comum, uma delas (talvez a pior) era um certo medo de se apaixonar por alguém. De se deixar levar. Simplesmente de se deixar envolver. 

Com isso, todas as vezes que nos começávamos a nos envolver com mais profundidade ela ficava com outro cara, e obviamente eu ficava sabendo.

Como não tínhamos nada serio, eu não podia cobrar nada. 

Apenas dava alguns sinais de que não estava feliz. 
E ela entendia.

Mas como disse, o medo de se envolver era maior do que a emoção e isso acontecia repetidas vezes. 

Aconteceu ate o dia em que Eu coloquei um ponto final.

Samuel voltou para o Brasil e com isso eu abandonei o meu quarto. 

Preferi eu mesmo sair do conforto da minha cama de casal a ter que pedir para Luana se mudar. 

Depois dessa decisão nunca mais ficamos.

Passei a dividir o quarto com Joana e consequentemente a ter mais tranquilidade nas noites.



Tudo isso ao mesmo tempo em que Christine voltava da sua viagem aos USA.

Novamente me aproximei muito dela.

Nessa época eu me sentia muito sozinho em CT, afinal grande parte dos meus amigos ja tinham voltado para o Brasil e a unica mulher que eu me interessava na Casa não conseguia ficar com o mesmo homem por mais de uma semana.

Sentia falta de poder conversar com alguém que tivesse mais de vinte anos de idade. 

De ter um papo cabeça. 

Eu e Christine passamos a fazer mais programas juntos e a nossa amizade crescia dia-a-dia.

quarta-feira, 14 de março de 2012

(pag 81)

Nesse momento éramos em nove pessoas na Casa. 

Cada um convivendo com a sua ambiguidade de sentimentos.

Alguns com a alegria de estar recém chegando num pais diferente, longe dos olhos dos pais e familiares, e com um imenso universo novo a conhecer; enquanto outros estavam tristes de voltar para a realidade do Brasil e deixando grandes amizades para trás.

Nesse meio tempo, Luana, uma amiga que ja estava morando em Cape Town ha alguns meses chega um dia em Casa e pede para conversar com todos. 

Ela diz que vai ter que sair do apartamento em que esta morando e não teria pra onde ir. 

Ela pergunta se poderíamos “abriga-la”.

Apesar da Casa ja estar com sua lotação máxima, obviamente não poderíamos deixar de ajudar. 

Entre outras coisas, essa foi sempre a marca que fazíamos questao de manter em nossa Casa: a de sempre ajudar os brasileiros que chegavam em CT. Seja com dicas de como se sair bem no novo pais, seja de uma forma mesmo direta: pegando no colo e oferecendo tudo já mastigado.

Com Luana não foi diferente. 

Na outra semana ela ja estava morando conosco.

Com a saída de Miguel e Douglas, divinos mais uma vez os moradores pelos quartos.

Eu continuei no meu e passei a dividir momentaneamente a minha cama de casal com Luana. 

No mesmo quarto ficaram Samantha e Carmen, que ja eram amigas, dividindo a outra cama de casal.

E nos outros quartos ficaram Samuel e Joana em um, Mineiro e Thiago noutro.

Pois eh…se ate ontem eu dividia o quarto com Miguel, meu amigo quase irmão, hoje eu dividia com três garotas.

Enquanto alguns de vocês leitores podem dizer: UAU!!! Três garotas!!!

Eu digo: não foi fácil!

Com Miguel, alem da sintonia de amizade que tínhamos, havia acima de tudo o respeito. 

Do tipo: quando um estava dormindo, o outro sequer acendia a luz do quarto. 

Evitávamos os famosos “mais cinco minutinhos” do despertador.

Dessa vez, com mais três mulheres no quarto, tudo isso tinha acabado.

O quarto mais parecia um campo de batalhas. 
Era roupa por todos os lados. 



As três não economizavam na hora de acender a luz, conversar e fazer barulho enquanto tinha outro dormindo. 

E essa pratica acabou tomando a Casa toda.

Em menos de um mês a Casa já estava uma bagunça. 

Claro que não porque as garotas eram bagunceiras, mas agora com mais gente pra fazer bagunça e menos gente para cobrar a arrumação, a coisa tinha descambado mesmo.

Era somente eu reclamando de tudo.

Passei a ser o velho ranzinza. 

E dessa vez muito mais velho, afinal se entre os primeiros moradores da Casa a diferença em media era em dois ou três anos, dessa vez passava de mais de dois dígitos.

Tentei re-organizar tudo por algum tempo mas falhei, afinal dessa vez estava em minoria.

terça-feira, 13 de março de 2012

(pag 80)

Cap. XVIII
As Novas Moradoras

Com o aproximar do final do ano, muitos amigos começavam a voltar para o Brasil para passar as festas  junto a família. 

Por outro lado, outras tantas pessoas chegavam a Cape Town aproveitando também as ferias para estudar inglês ou simplesmente curtir a vida do outro lado do Atlântico.

Com isso, mais uma vez com a saída de alguns, tornava-se uma tortura para todos nos arrumarmos outros moradores para a Casa, afinal nenhum de nos estava em condições de pagar um aluguel mais caro caso morássemos em menos de seis pessoas.

Com alguns posts no antigo, porem ainda eficiente, site de relacionamentos Orkut e outras indicações de “conhecidos de conhecidos”, conseguimos encontrar três moradorAs para ficar nos lugares de Miguel, Thiago e Douglas.

Isso mesmo, agora a Casa teria cinquenta por cento de ocupação feminina.


O mês era novembro.

As novas moradoras chegaram e por alguns dias teríamos que nos espremer na Casa afinal Miguel e Douglas soh sairiam na outra semana. 

Ate ai sem problemas afinal na reta final dos dois em Casa e a chegada das garotas, as festas e baladas eram mais uma vez quase que diárias, e o que menos fazíamos era dormir.

Naturalmente fatores como: as festas de final de ano distante da família, a tristeza pela volta ao Brasil e a proximidade física de novas garotas, estreitaram os laços de algumas pessoas na Casa.

A maior aproximação foi de Miguel e Samantha.

Samantha era uma das brasileiras que chegaram para curtir as ferias na Africa do Sul. 

Juntamente com ela, veio sua melhor amiga, Carmen. Ambas cariocas. 

Eu havia as "conhecido" através de um post numa comunidade do Orkut. No momento seguinte, elas eram nossas companheiras de Casa.

Logo depois chegou Joana vinda do estado do Espirito Santo. Essa era amiga de Thiago, e iria ficar em seu lugar na casa.

Todas elas com seus vinte anos, um mundo novo a descobrir e um universo de sabores para experimentar.

segunda-feira, 12 de março de 2012

(pag 79)

Nas duas semanas em que ela esteve na Africa do Sul, nos viajamos e conhecemos todos os pontos turísticos possíveis proximos a Cape Town. 

Subimos a Table Mountain, fizemos a Rota dos Vinhos em Stellembosh e redondezas, fomos ao Cabo da Boa Esperança e la fizemos um pic-nic...e ainda assim, tiramos momentos para não fazer nada, apenas ficar em casa, sentar, beber um bom vinho sul-africano e curtir um a presença do outro.

Cape Town alem de ser um ótimo destino para lazer e turismo ecológico eh ótimo também para fazer compras. 

Especialmente roupas. 

Chega a ser impressionante a diferença de preços comparados ao Brasil. 

Alem do preço final já ser bastante convidativo, para turistas ainda tem um agravante a mais, a restituição do imposto pago sob o produto.



Isso mesmo, quando você comprar qualquer tipo de bem de consumo durável, ou seja, qualquer coisa exceto comidas, bebidas e derivados, você tem direito a pegar de volta quando sair do pais o imposto que pagou por aquele produto.

Mas, como todos países que oferecem esse tipo de beneficio, eles tem os seus "truques", as famosas letrinhas pequenas. 

E o da Africa do Sul eh esse:

Quando você comprar qualquer coisa, solicite e fique de posse da nota fiscal onde esta discriminado o valor do produto e o imposto pago. 

Normalmente as pessoas juntam todas as notas e vão direto ao aeroporto no dia de retorno para trocar, mas não, na Africa do Sul eh diferente.

Em Cape Town ha um escritório do Tax Refund (restituição de imposto) que fica dentro de um shopping, o Waterfront Shopping.

Chegando la você apresenta todas as notas fiscais, a funcionaria faz as contas, pede o seu passaporte, a passagem de volta para o seu pais de origem e te entrega um formulário com todas as compras relacionadas e o valor a ser ressarcido.

No aeroporto você segue para os escritórios do Tax Refund onde os fiscais vão revistar sua mala para confirmar se você realmente comprou todos aqueles produtos que você esta alegando (confesso que muita das vezes eles não checam nem 10% do total). 

Depois disso eh que o valor da restituição eh pago.

Apesar da burocracia, muitas vezes vale a pena, afinal eh uma economia a mais. 

No meu ano na Africa do Sul vi pessoas que pegaram mais de três mil Rands de restituição. Algo em torno de novecentos reais. 

Obviamente a restituição esta relacionada com o quanto foi gasto.

Juntei todos as notas da minha mãe, fizemos todo o processo de restituição, e eu testemunho, da certo!

Mas era chegado o dia do embarque dela de volta para o Brasil. Haviam acabado as ferias.

A levo no aeroporto e ao me despedir, me despeço com um ate breve, afinal mesmo sem saber para qual pais eu iria seguir depois dali, tinha a certeza de que não iria demorar muito tempo para vê-la novamente.

Durante essa minha jornada de "volta ao mundo" muitas vezes as pessoas me perguntam se eu não sinto falta da minha família e/ou amigos.

Minha resposta eh sempre a mesma, "claro que sinto", porem creio que por mais que ame minha família e meus amigos, estar longe deles não significa que os deixei de amar, muito pelo contrario, sinto todos os dias a presença de cada um deles. 

Gradativamente essa distancia se tornou um filtro. Se tornou uma especie de seleção natural de afeto. Me fez aproximar ainda mais de quem eu amo e que também me ama, e consequentemente me fez afastar naturalmente de quem não somava nada ao meu caminho e crescimento pessoal.

A verdadeira distancia muitas vezes esta mais próxima do que pensamos.

domingo, 11 de março de 2012

(pag 78)

Juntamente com todo esse estresse no trabalho, tinha ainda a questão do meu visto que estava prestes a expirar.

Na Africa do Sul, nós brasileiros não precisamos solicitar o visto com antecedência. Basta comprar a passagem para a cidade desejada e na fronteira dizer que esta indo fazer turismo. 

Pronto, eles carimbam o visto que da direito a uma estadia de três meses. 

Ao final dos primeiros três meses, caso você queira ficar por mais três, basta procurar o Departamento de Imigração, chamado Home Affairs, e solicitar a extensão do seu visto de turista.



Porem já se prepare para um verdadeiro chá de cadeira, afinal esse serviço na Africa do Sul eh no minimo precário. O prédio do Departamento eh decadente e eh bem comum ver pessoas passando horas e mais horas na fila para ser atendido.

Obviamente eu não fugi a regra.

Esperei quatro horas para ser atendido, entreguei todos os documentos que me foram solicitados, paguei a taxa e recebi o papel do protocolo de entrada. Nele dizia que eu teria que voltar em dois meses para ter o meu passaporte carimbado com a extensão do visto.

Vai entender...

Porem no meio de todo esse furacão ao menos uma boa noticia veio em seguida.

Minha mãe estava vindo do Brasil para passar quinze dias comigo.

Pedi uma semana de folga para, alem de relaxar o estresse, poder aproveitar o período com ela.

Eh um momento extraordinário quando se recebe algum ente querido quando estamos fora do Brasil. 

Principalmente quando essa pessoa eh a nossa mãe. 

Eh uma mistura de proteção com uma imensa vontade de mostrar tudo o que gostamos, que aprendemos, que estamos fazendo, que conquistamos, enfim...um universo a ser apresentado. 

Eh como se por um breve momento, deixássemos de ser filhos para sermos pais dos nossos pais. 

Os colocamos debaixo de nossas asas e os mostramos o território inimigo que nós sozinhos conquistamos.

Minha mãe, por mais que a distancia física nos separou nessa minha jornada, sempre esteve muito próxima a mim. 

Em primeiro lugar no apoio, afinal desde o dia em que escolhi sair do Brasil, ela esteve ao meu lado. E esse apoio, por mais que as vezes não seja financeiro, tem muito mais valor do que qualquer outro tipo de apoio. Afinal muitas vezes não precisamos de bens materiais, mas sim de um simples apoio moral. Um simples: "estou contigo" já eh mais que o suficiente para superarmos barreiras e obstáculos.

E durante toda essa minha jornada foi justamente isso que minha mãe me proveu: força!