quarta-feira, 14 de março de 2012

(pag 81)

Nesse momento éramos em nove pessoas na Casa. 

Cada um convivendo com a sua ambiguidade de sentimentos.

Alguns com a alegria de estar recém chegando num pais diferente, longe dos olhos dos pais e familiares, e com um imenso universo novo a conhecer; enquanto outros estavam tristes de voltar para a realidade do Brasil e deixando grandes amizades para trás.

Nesse meio tempo, Luana, uma amiga que ja estava morando em Cape Town ha alguns meses chega um dia em Casa e pede para conversar com todos. 

Ela diz que vai ter que sair do apartamento em que esta morando e não teria pra onde ir. 

Ela pergunta se poderíamos “abriga-la”.

Apesar da Casa ja estar com sua lotação máxima, obviamente não poderíamos deixar de ajudar. 

Entre outras coisas, essa foi sempre a marca que fazíamos questao de manter em nossa Casa: a de sempre ajudar os brasileiros que chegavam em CT. Seja com dicas de como se sair bem no novo pais, seja de uma forma mesmo direta: pegando no colo e oferecendo tudo já mastigado.

Com Luana não foi diferente. 

Na outra semana ela ja estava morando conosco.

Com a saída de Miguel e Douglas, divinos mais uma vez os moradores pelos quartos.

Eu continuei no meu e passei a dividir momentaneamente a minha cama de casal com Luana. 

No mesmo quarto ficaram Samantha e Carmen, que ja eram amigas, dividindo a outra cama de casal.

E nos outros quartos ficaram Samuel e Joana em um, Mineiro e Thiago noutro.

Pois eh…se ate ontem eu dividia o quarto com Miguel, meu amigo quase irmão, hoje eu dividia com três garotas.

Enquanto alguns de vocês leitores podem dizer: UAU!!! Três garotas!!!

Eu digo: não foi fácil!

Com Miguel, alem da sintonia de amizade que tínhamos, havia acima de tudo o respeito. 

Do tipo: quando um estava dormindo, o outro sequer acendia a luz do quarto. 

Evitávamos os famosos “mais cinco minutinhos” do despertador.

Dessa vez, com mais três mulheres no quarto, tudo isso tinha acabado.

O quarto mais parecia um campo de batalhas. 
Era roupa por todos os lados. 



As três não economizavam na hora de acender a luz, conversar e fazer barulho enquanto tinha outro dormindo. 

E essa pratica acabou tomando a Casa toda.

Em menos de um mês a Casa já estava uma bagunça. 

Claro que não porque as garotas eram bagunceiras, mas agora com mais gente pra fazer bagunça e menos gente para cobrar a arrumação, a coisa tinha descambado mesmo.

Era somente eu reclamando de tudo.

Passei a ser o velho ranzinza. 

E dessa vez muito mais velho, afinal se entre os primeiros moradores da Casa a diferença em media era em dois ou três anos, dessa vez passava de mais de dois dígitos.

Tentei re-organizar tudo por algum tempo mas falhei, afinal dessa vez estava em minoria.

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