Nesse momento éramos em nove pessoas na Casa.
Cada um convivendo com a sua ambiguidade de sentimentos.
Alguns com a alegria de estar recém chegando num pais diferente, longe dos olhos dos pais e familiares, e com um imenso universo novo a conhecer; enquanto outros estavam tristes de voltar para a realidade do Brasil e deixando grandes amizades para trás.
Nesse meio tempo, Luana, uma amiga que ja estava morando em Cape Town ha alguns meses chega um dia em Casa e pede para conversar com todos.
Ela diz que vai ter que sair do apartamento em que esta morando e não teria pra onde ir.
Ela pergunta se poderíamos “abriga-la”.
Apesar da Casa ja estar com sua lotação máxima, obviamente não poderíamos deixar de ajudar.
Entre outras coisas, essa foi sempre a marca que fazíamos questao de manter em nossa Casa: a de sempre ajudar os brasileiros que chegavam em CT. Seja com dicas de como se sair bem no novo pais, seja de uma forma mesmo direta: pegando no colo e oferecendo tudo já mastigado.
Com Luana não foi diferente.
Na outra semana ela ja estava morando conosco.
Com a saída de Miguel e Douglas, divinos mais uma vez os moradores pelos quartos.
Eu continuei no meu e passei a dividir momentaneamente a minha cama de casal com Luana.
No mesmo quarto ficaram Samantha e Carmen, que ja eram amigas, dividindo a outra cama de casal.
E nos outros quartos ficaram Samuel e Joana em um, Mineiro e Thiago noutro.
Pois eh…se ate ontem eu dividia o quarto com Miguel, meu amigo quase irmão, hoje eu dividia com três garotas.
Enquanto alguns de vocês leitores podem dizer: UAU!!! Três garotas!!!
Eu digo: não foi fácil!
Com Miguel, alem da sintonia de amizade que tínhamos, havia acima de tudo o respeito.
Do tipo: quando um estava dormindo, o outro sequer acendia a luz do quarto.
Evitávamos os famosos “mais cinco minutinhos” do despertador.
Dessa vez, com mais três mulheres no quarto, tudo isso tinha acabado.
O quarto mais parecia um campo de batalhas.
Era roupa por todos os lados.
As três não economizavam na hora de acender a luz, conversar e fazer barulho enquanto tinha outro dormindo.
E essa pratica acabou tomando a Casa toda.
Em menos de um mês a Casa já estava uma bagunça.
Claro que não porque as garotas eram bagunceiras, mas agora com mais gente pra fazer bagunça e menos gente para cobrar a arrumação, a coisa tinha descambado mesmo.
Era somente eu reclamando de tudo.
Passei a ser o velho ranzinza.
E dessa vez muito mais velho, afinal se entre os primeiros moradores da Casa a diferença em media era em dois ou três anos, dessa vez passava de mais de dois dígitos.
Tentei re-organizar tudo por algum tempo mas falhei, afinal dessa vez estava em minoria.
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