terça-feira, 24 de janeiro de 2012

(pag 46)

Ao fazer a mala que levaria a bordo, não me dei conta de que tinha colocado dentro dela um saco recheado de "coisas de homem", como por exemplo: um relógio de pulso que ja não usava mais, uma lanterna, um fone de ouvido, MP3 player...e três canivetes.

Incrível que mesmo depois de onze anos trabalhando de comissario de voo eu ainda fui capaz de cometer uma gafe dessas. 

A minha cara vai ao chão.


Mas afinal eu não era o único errado, alias creio eu, que o menos errado, visto que eu tinha viajado duas etapas, uma delas dentro do próprio EUA portanto tais canivetes como bagagem de mão. 

Descobri que o serviço de segurança dos EUA não eh tao eficaz como eles acham que eh.

O policiais nem tao gentilmente apreenderam os meus canivetes e ainda por cima solicitaram o meu passaporte para uma averiguação (?). 

Foram com ele para uma sala e voltaram sem me dar a menor satisfação do que haviam feito la dentro.

Como mesmo antes dessa experiencia eu já tinha desistido de conhecer o Qatar, nessa hora eh que eu não fazia a MENOR questão de pisar fora do aeroporto, afinal o risco que eu estava correndo de ir parar numa prisão era agora potencialmente grande.

Oito horas depois, sem meus canivetes e com alguns sustos na bagagem, sigo finalmente para a Africa do Sul.

Muitos devem estar pensando o que eu fui fazer na Africa do Sul, outros, movidos pela paixão pela natureza e historia devem estar ansiosos para ouvir os relatos desta passagem. 

Eu confesso que particularmente não faco ideia do que me trouxe ate aqui.

Depois de quase um dia de viagem partindo dos EUA, fazendo uma escala no minimo aventureira e interminável no Qatar, eis que chego na Africa do Sul, mais precisamente em Johanesburgo. 

Confesso que o frio na barriga de estar deixando um pais de primeiro mundo, alguns novos e velhos amigos, uma certa zona de conforto, tudo isso pra trás: não e fácil. 

Ao me dar conta de tudo isso, esse frio na barriga passa ser um imenso iceberg capaz de afundar ate mesmo dois Titanics, porem como ao menos nesse ponto eu sou movido a desafios, não eh hora de parar, muito pelo contrario, o frio na barriga passa a ser viciante depois de algum tempo. Eh como adrenalina.

Depois de aproximadamente oito horas de voo partindo de Doha, já começo a avistar Jo’burg (como Johannesburgo eh conhecida pelos sulafricanos). 

A primeira impressão não e das melhores. 

Áreas imensas de casas, conhecidas como townships, ou simplesmente favelas para nos, tomam conta do cenário. 



Os imensos arranha-céus que dias atras eram pano de fundo em tantas imagens nos EUA agora dão lugar a uma cidade quase que horizontal. 

Pelo menos essa era a impressão vista do alto.

O frio na barriga passa a se alastrar para o resto do corpo, afinal: 

- O que eh que eu estou fazendo aqui???

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